
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou procedimento para investigar falhas no transporte de pacientes do programa TFD (Tratamento Fora do Domicílio) em Garanhuns. A ação foi motivada por denúncia de uma usuária que, após exame em Recife, afirmou ter sido deixada à noite, por volta das 22h, no ponto de embarque, sem transporte para retornar à sua residência, na Cohab 3.

Na Portaria, o promotor Domingos Sávio solicitou que a Prefeitura, a Secretaria de Saúde e a AMSTT apresentem, em até 30 dias, medidas que garantam o desembarque seguro dos pacientes, com integração ao transporte coletivo ou a outros meios alternativos.

O caso traz à tona outro problema que atinge diretamente os usuários: a grave crise do transporte público em Garanhuns. Em reunião do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte, realizada em outubro passado, o gerente da empresa concessionária São Cristóvão, Domingos Coelho de Sá, alertou para o risco de colapso do Sistema. Segundo ele, a queda de mais de 70% no número de passageiros e o aumento das gratuidades geraram um déficit mensal de cerca de R$ 420 mil, tornando a operação “insustentável”.

A São Cristóvão, que opera o serviço há mais de quatro décadas, reduziu a frota para 18 ônibus e mantém o funcionamento “por respeito à cidade e à Gestão Municipal”. A Empresa defende a criação de um subsídio público mensal de R$ 220 mil, modelo já adotado em cidades como Recife e Caruaru, para evitar a paralisação total do transporte coletivo (saiba mais AQUI).
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A Prefeitura de Garanhuns, por meio da Procuradoria Geral do Município, já iniciou, em março passado, a análise da viabilidade de repasses públicos à Concessionária. O Processo busca comprovar o déficit financeiro e avaliar medidas que possam reequilibrar o contrato firmado em 2012 (saiba mais AQUI). Antes, em 2021, durante entrevista à Rádio Jornal (vídeo acima), o Prefeito Sivaldo Albino (PSB) revelou ter conhecimento da situação, todavia, passados cinco anos da entrevista e sete meses do procedimento da Procuradoria, ainda não há qualquer posição pública sobre o assunto.

Diante desse cenário, o procedimento do MPPE sobre o TFD reforça a necessidade de soluções estruturais para a mobilidade urbana em Garanhuns. A falta de transporte público eficiente afeta não apenas os trabalhadores, mas também pacientes que dependem do sistema municipal para acessar tratamentos de saúde fora da Cidade.

A expectativa é que o Ministério Público, através dos promotores Domingos Sávio e Bruno Gottardi, e possivelmente provocado por esta reportagem, possa ampliar o objeto da investigação, caso identifique que os problemas enfrentados pelos pacientes do TFD estão diretamente ligados à precariedade do transporte coletivo no Município. (@blogcarloseugenio)