
“A situação do transporte público em Garanhuns é crítica!”. A afirmação é do Gerente da Empresa de Transporte Público Coletivo São Cristóvão e foi o principal tema da reunião ordinária do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT), realizada no último dia 21, e cuja ata foi publicada no Diário Oficial nessa quinta-feira, dia 23. O Encontro reuniu representantes da Prefeitura, da sociedade civil e da Empresa Concessionária São Cristóvão, responsável pela operação do sistema há mais de quatro décadas.

Durante a reunião, o gerente da empresa, Domingos Coelho de Sá, fez um relato contundente sobre o quadro financeiro enfrentado pela concessionária, que, segundo ele, ameaça a continuidade do serviço. “O sistema está em situação crítica. A queda no número de passageiros e o aumento das gratuidades tornaram a operação insustentável”, afirmou.
De acordo com Domingos, o transporte público de Garanhuns registrava cerca de 600 mil passageiros, por mês, antes da pandemia, número que despencou para 180 mil usuários mensais em 2025, uma redução superior a 70%. O resultado é um déficit operacional de aproximadamente R$ 420 mil por mês, mesmo após diversas medidas de contenção.

Atualmente, a Empresa opera com apenas 18 ônibus e 50 funcionários, e, segundo o Gerente, não há mais condições de arcar com custos fixos, reajustes salariais ou manutenção adequada da frota. Ele destacou que o proprietário da São Cristóvão tem mantido o serviço “por respeito à Cidade e à Gestão Municipal”, mas alertou que o limite foi atingido, fato que foi oficializado à Prefeitura no último dia 12 de setembro, momento em que foi solicitada uma solução até o próximo mês de novembro.

Domingos Sá defendeu a implantação de um subsídio público mensal de R$ 220 mil, valor que, segundo ele, garantiria o funcionamento básico do sistema e evitaria a interrupção total do serviço. “Diversos municípios brasileiros, como Caruaru e Recife, já adotaram esse modelo de apoio. Garanhuns não pode ser tratada de forma diferente”, enfatizou.
O Gestor também chamou atenção para o aumento do número de passageiros com gratuidade, que, segundo ele, hoje representam cerca de 50% dos usuários e alertou que “não há interessados em assumir o serviço nas condições atuais, e que qualquer novo operador somente aceitaria a concessão mediante subsídio público ou revisão da legislação de gratuidades, esta última inviável, por estar amparada em leis federais”.

Representantes da AMSTT, do Gabinete do Prefeito e de entidades civis reconheceram a gravidade do cenário e ressaltaram que a concorrência dos aplicativos de transporte e corridas compartilhadas, também têm contribuído para a queda na demanda do transporte coletivo.
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Segundo a ata da reunião, o representante do Gabinete do Prefeito, Marceu Nogueira, informou que “já estão em andamento tratativas políticas para buscar uma solução e ressaltou que se trata de uma decisão essencialmente política”. Nogueira também afirmou que a Câmara de Vereadores, em conjunto com o Prefeito, “analisará a situação, considerando a importância de manter o transporte coletivo em funcionamento”.
Em entrevista ao programa Ronda Policial, da Rádio Jornal, no primeiro semestre de 2023, o Prefeito Sivaldo Albino (PSB) já afirmava ter conhecimento da situação da Empresa, porém passados mais de dois anos, ainda não viabilizou uma solução para o problema. Clique em player no vídeo acima e confira. Para ter acesso a ATA da Reunião da CMTT clique AQUI. (@blogcarloseugenio)