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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Letícia
Lins (O Globo) GARANHUNS – Chefe da Seção Disciplinar do Clero por oito anos,
período em que conviveu com o então cardeal Joseph Alois Ratzinger, o bispo de
Garanhuns, Dom Fernando Guimarães (foto), atribuiu a renúncia do Papa Bento XVI não só
às suas condições físicas, mas também aos problemas internos e externos da
Igreja, cada dia mais pressionada pelos conflitos entre os seus próprios dogmas
e as demandas do mundo moderno.
— Tivemos
recentemente fugas de documentos, embora eu acredite que isso não o atinja
diretamente. Hoje, há também uma certa dificuldade no convívio com os avanços
da sociedade e é preciso abrir o diálogo com o mundo moderno, sem perder a
fidelidade a Jesus Cristo. São vários problemas que exigem de um chefe forças
físicas e psicológicas para fazer frente a tantos desafios, disse ele por
telefone, de Garanhuns, cidade pernambucana localizada a 230 quilômetros de
Recife.
Mesmo
assim, o arcebispo ficou surpreso com a decisão do Papa. Isso porque havia
conversado ontem com um bispo amigo (não disse o nome), que estivera dois dias
antes no Vaticano, e que inclusive estivera com o pontífice.
— Ele
revelou que o seu físico realmente estava alquebrado, mas a cabeça perfeita,
lúcida, com o raciocínio rápido de sempre.
Para o
religioso, só uma situação deveria levar o Papa a uma medida tão drástica e
rara na história da Igreja.
— Para
tomar essa iniciativa, acredito que estivesse se sentindo no limite de suas
forças. Entendo que ele está em uma situação de fragilidade, não sabemos
exatamente como está sua saúde. Mas com certeza, não vinha se sentindo em
condições de enfrentar essas dificuldades todas. Percebíamos a força física
dele diminuindo, se reduzindo devido à idade e ao peso, mas nunca imaginávamos
que ele fosse renunciar — afirmou.
O bispo
não quis comentar eventuais problemas na alta cúpula da Igreja Católica e não
aceita comparações com o Papa João Paulo II, antecessor de Bento XVI.
— Ambos
têm carisma, mas são carismas diferentes. O antecessor tinha um apelo de grandes
massas. Já o segundo tem uma força de raciocínio brilhante. Tanto que o público
das audiências de quarta-feira aumentou. Suas viagens internacionais, inclusive
as mais delicadas, fizeram sucesso extraordinário. Sua melhor característica é
a qualidade de pensamento. Ele fala em assuntos de altíssima teologia em
linguagem simples, que qualquer pessoa entende. Seus três livros sobre Jesus
Cristo são best-sellers.
Ainda
segundo Dom Fernando Guimarães, os fiéis estavam habituados à exuberância de
João Paulo II. Bento, porém, é mais tímido, mas não menos brilhante.
Dom
Fernando também conviveu com o Papa João Paulo II, a quem ensinou português em
sua visita preparatória ao Brasil. Depois, foi chefe da Seção Disciplinar do
Clero e atualmente integra o Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, a
instância mais alta da administração da justiça na Igreja Católica. Primeiro
bispo da América Latina a ser nomeado para o cargo, é o único que mora fora da
Europa. Acumula a função com a de arcebispo da cidade pernambucana, função para
a qual foi nomeado em 2008.


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http://oglobo.globo.com/mundo/para-bispo-que-conviveu-com-bento-xvi-problemas-da-igreja-podem-ser-motivo-de-renuncia-7554797#ixzz2KfhXvnr9