Para o pediatra Fernando
Oliveira, 2º vice-presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco
(Cremepe), o aumento da demanda por leitos pediátricos é reflexo da maior
exposição das crianças ao vírus, devido à retomada das atividades durante o
atual processo de reabertura socioeconômica.
“As crianças, que estavam em
casa nos primeiros meses da pandemia, voltam a sair com seus pais. Mas o pico
da pediatria ainda está por vir, especialmente se o retorno às aulas
presenciais não seguir um protocolo rígido”, alerta Fernando.
O Médico acrescenta que a
reunião, que acontecerá nessa sexta-feira, dia 28, com o secretário de Saúde de
Pernambuco, André Longo, será essencial para discutir e definir o que o Estado
deve ter como prioridade, neste momento, para os pacientes da pediatria.
“Nos últimos anos, não tivemos abertura de leitos para esse público. O
Estado precisa garantir as novas dez vagas de terapia intensiva (UTI) que foram
previstas no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc). Além disso, as
crianças que adoecem precisam ser logo testadas (para se ter certeza do
diagnóstico e fazer o encaminhamento para o leito adequado). E vamos precisar
de médicos pediatras intensivistas, o que é difícil”, ressalta.
Na última terça-feira, dia 25,
em coletiva de Imprensa transmitida pela internet, André Longo informou que há
mais de 100 leitos, sendo 37 de UTI, voltados para crianças e bebês com quadros
respiratórios em Pernambuco. O Secretário ainda acrescentou que, nos nove casos
notificados no Estado da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica
decorrente da COVID-19, estão a menina que foi a óbito, sete crianças que
tiveram alta hospitalar e uma que permanece internada.
No último dia 6 deste
mês, o Estado divulgou os dois primeiros casos da Síndrome, que tem como
sintomas febre persistente, pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo,
diarreia, dor abdominal, náuseas, vômitos e comprometimento respiratório entre
outros sinais.
FALTA REMÉDIO PARA TRATAR A SÍNDROME – Pernambuco
está sem estoque de imunoglobulina humana, um medicamento indicado no
tratamento de várias doenças e que tem sido usado também em casos de também
indicado em casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica,
associada à COVID-19. O desabastecimento, que ocorre também em outros Estados,
tem preocupado os Médicos, que cobram do Governo do Estado a garantia do uso da
imunoglobulina de forma precoce, assim que a síndrome for detectada.
Em nota à reportagem do Jornal do Commercio, a
Secretaria Estadual de Saúde informou que a obrigatoriedade do fornecimento da
imunoglobulina humana é do Ministério da Saúde (MS) e que, desde 2018, o envio
do medicamento está irregular pelo órgão federal. “Já há, inclusive, uma
ação judicial que obriga o MS a fornecer o produto ao Estado. Algumas unidades
de referência de Pernambuco ainda contam com estoque do insumo, mas a diretoria
de Assistência Farmacêutica não possui reserva do produto”, confirma a Secretaria.
A reportagem entrou em contato com o Ministério para saber como estão os
estoques atuais de imunoglobulina, mas ainda não recebeu retorno. (Com informações de Cinthia Leite/JC Online. CONFIRA)