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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | terça-feira, 25 de outubro de 2016

O promotor Thiago Faria Soares
usou a condição de servidor público para interceder em favor da então noiva, a
advogada Mysheva Martins, na pendenga jurídica que envolvia a fazenda comprada
por ela em Águas Belas, em um leilão, e que era da família de José Maria Pedro
Rosendo.

As palavras foram da própria
Mysheva, no primeiro dia do julgamento de quatro dos cinco acusados pela morte
do Promotor, atingido por vários tiros de espingarda calibre 12, em outubro de
2013, na PE-300, entre os municípios de Águas Belas e Itaíba.

José Maria Rosendo – conhecido
como Zé Maria de Mané Pedro – é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF)
de ser o mandante do crime, incomodado pela ação do Promotor no caso do imóvel.
A primeira sessão do júri popular aconteceu ontem, dia 24, na sede da Justiça
Federal, no bairro do Jiquiá, Zona Oeste do Recife. O julgamento deve terminar
na quinta-feira.

Além de Rosendo, também
respondem pelo homicídio: José Maria Domingos Cavalcante, Adeildo Ferreira dos
Santos, Antônio Cavalcanti Filho e José Marisvaldo Vitor da Silva. Segundo o
MPF, os quatro seriam os executores. Todos também são acusados pela tentativa
de homicídio de Mysheva e do tio dela, Adautivo Elias Martins, que também
estavam no carro com Thiago quando ele foi alvejado e escaparam do atentado.
Antônio Cavalcanti, conhecido como “Peba”, está foragido. José Maria
Domingos Cavalcanti não será mais julgado junto aos demais, pois seu advogado,
Emerson Leônidas, não compareceu à sessão de ontem e não informou o motivo. O
defensor será multado pela juíza Amanda Torres Lucena, da 4ª Vara Federal, em
30 salários mínimos. O julgamento de Cavalcanti foi remarcado para o dia 12 de
dezembro.

O depoimento de Mysheva
Martins começou às 14h30min, após uma manhã conturbada em que os advogados de
defesa fizeram petições pelo adiamento do júri, alegando pouco tempo em
plenário para expor os argumentos dos clientes. A ex-noiva de Thiago Faria
confirmou que o Promotor intercedeu junto à Justiça para resolver um impasse
judicial relativo a 25 hectares da Fazenda Nova- incluindo a casa grande -, em
Águas Belas. O Imóvel pertencia à família de José Pedro Rosendo e foi comprado
por Mysheva por R$ 100 mil em um leilão, em outubro de 2012, devido a dívidas
trabalhistas dos proprietários. A ação estava parada na Justiça do Trabalho e
Mysheva não conseguia retirar a família de Rosendo do local. “Se ele não
tivesse interferido, estaria tudo parado até hoje”, disse ela.

Mysheva ainda relatou uma
confusão entre Thiago e Zé Maria de Mané Pedro, em que o Promotor teria
ameaçado reativar antigos processos contra o fazendeiro, que estariam
esquecidos na comarca de Águas Belas, caso ele fizesse algo contra a Advogada,
em represália pela compra da Fazenda Nova. A ex-noiva de Thiago Faria disse ter
ouvido, apenas depois do crime, boatos de que pessoas ligadas à família de Rosendo,
em Águas Belas, teriam dito que “o promotorzinho de m…” deveria se
cuidar para não levar uma “dozada (tiro de espingarda calibre 12) na
cabeça”. A sessão de ontem do júri ainda contou com o depoimento do
delegado Alexandre Alves, da Polícia Federal, que cuidou das investigações após
o caso ser federalizado, em agosto de 2014, a pedido do Procurador-geral da
República, Rodrigo Janot.
Hoje serão iniciados os
debates entre acusação e defesa. Cada parte terá duas horas e meia para
apresentar suas teses. O tempo total da defesa será dividido entre os advogados
dos três réus. Também haverá duas horas de réplica para o Ministério Público
Federal, e o mesmo tempo de tréplica para a defesa (mais uma vez, dividido
entre os defensores dos réus).

ENTENDA O CASO – O crime
ocorreu em 14 de outubro de 2013. O promotor Thiago Faria Soares foi morto
quando seguia de Águas Belas para Itaíba, cidade onde trabalhava. Mysheva Freire
Ferrão Martins, noiva do promotor na época, e Adautivo Martins, tio dela,
também estavam no mesmo veículo, mas não foram atingidos pelos disparos. A
motivação, segundo a PF, envolveu uma disputa pelas terras da Fazenda Nova. O
fazendeiro José Maria Barbosa perdeu a posse para a noiva do Promotor, em um
leilão da Justiça Federal, e teve que deixar o imóvel. Em entrevista exclusiva
à TV Globo, na época do crime, o Fazendeiro negou ter cometido o homicídio. A
investigação do homicídio foi transferida para a Polícia Federal em 13 de
agosto de 2014, a pedido do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.
(Com informações e imagens do Jornal do
Commercio, G1/Pernambuco e reprodução Globo Nordeste)

Confira um vídeo divulgado pelo JC Online com entrevistas de familiares de José Maria Rosendo, acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ser o
mandante do Crime: