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BLOG DO CARLOS EUGÊNIO | domingo, 27 de janeiro de 2013


O governador Eduardo Campos,
de Pernambuco, é um ótimo piloto de cadeira giratória de rodinhas. Logo ao
sentar-se, elegante e espaçoso, já sublinha a que veio. A cadeira é uma das 13
de uma grande mesa preta, em forma de U, na sala de reuniões contígua a seu
gabinete. Não terá um minuto de sossego por quase três horas. Campos a manobra
para todos os lados possíveis, a esporeia com o ritmo acelerado de sua fluência
verbal e, quando a leva, num tiro curto, em direção ao interlocutor, o dorso
ainda atlético de 47 anos também assoma, enfático. 

Seus translúcidos olhos
verdes são, surrupiando um autor contemporâneo, como pássaros querendo voar
para fora da cara. Campos é, sobretudo, olhos. Na beleza variante da cor, que
fisga a atenção, e, principalmente, na mirada, no manejo que lhes sabe dar, ora
águia, ora cobra, focados na sedução. “Sedutor” é um recorrente qualificativo
até entre adversários regionais – como o senador Humberto Costa, do PT, ou o
deputado federal Mendonça Filho, do DEM. Campos sabe que, nos dois casos, o
sentido é “cuidado com ele!” – ambos, afinal, são vítimas de peia eleitoral.
Mesmo assim, não desgosta.  

Não é o caso quando é chamado
de “coronel”, como fez a revista britânica The Economist em reportagem
recente, que também registrou seu lado de gestor dinâmico e empreendedor à
frente do Estado que governa pela segunda vez, com aprovação recorde – 89% na
última pesquisa. Provocado – “O senhor leva mesmo um jeitão de coronel…” –,
Campos não esconde o desconforto. Leva a cadeira para a frente e para trás, dá
uma brusca freada de general e responde:  

– Isso só acontece quando
alguém nasce por aqui. Nunca vi um rótulo desses num político carioca, paulista
ou mineiro. Então lamento, porque é uma coisa desqualificando. Que maneira
tenho de botar ordem aqui? “É um coronel.” Tá bom. (Falar) é um direito (deles).
Fazer o quê?

Entre dez governadores pesquisados pelo Ibope no final do ano passado, Campos
obteve a maior aprovação: 34% acham sua gestão “ótima”; 45%, “boa”; 15%,
“regular”; 4%,“ruim”; e 3%,“péssima”. É tamanha popularidade que explica por que
tantos políticos têm se aproximado dele e que seja impossível discutir a
sucessão da presidente Dilma Rousseff Rousseff sem que
seu nome venha à tona. Ele próprio negou, em entrevista publicada por
ÉPOCA em dezembro
, que pretenda se candidatar à Presidência. Na
ocasião, disse que “sem dúvida” apoiaria a reeleição de Dilma. 

É nessa canoa que os
pés de Campos estão, ambos. Antes da eleição municipal de Pernambuco, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava disposto a costurar sua
candidatura a vice, já em 2014. Depois que Campos praticamente humilhou o PT,
ao lançar candidato próprio à prefeitura do Recife – e vencer –, Lula e Dilma
sabem que ficou mais difícil. O desejo de ambos é mantê-lo na canoa para, quem
sabe?, um voo solo em 2018. Ser ministro de Dilma reeleita, em Pasta de
visibilidade, é uma possibilidade. (Matéria da revista Época. Já nas Bancas
– Foto: Capa da edição 766 de ÉPOCA)